No centro da transformação digital da saúde, uma pergunta segue em aberto para muitas empresas do setor: como engajar, de forma contínua e significativa, o paciente 60+? A resposta passa, cada vez mais, pelo equilíbrio entre inovação tecnológica e atendimento empático.
“Não se trata apenas de digitalizar a jornada. É preciso garantir que essa transformação não exclua justamente quem mais utiliza o sistema de saúde hoje: o público sênior”, afirma Daniela Vergara, especialista em comportamento do consumidor maduro e CEO da DV Marketing.
Se por um lado, apps, plataformas e canais digitais oferecem escala, agilidade e acesso à informação, por outro, a baixa usabilidade, os termos técnicos e a falta de suporte humanizado ainda afastam pacientes idosos — e isso impacta diretamente na adesão, no desfecho clínico e na fidelização.
“Um site que não tem contraste adequado, um app que não contempla limitações motoras ou cognitivas e um call center impessoal sinalizam desinteresse. E o público 60+ percebe”, pontua Daniela.
“Acessibilidade não é opcional’, ela destaca. E empresas que investem em interfaces acessíveis, com letras maiores, comandos por voz e navegação simplificada, saem na frente. O mesmo vale para canais de comunicação tradicionais, como telefone e e-mail, integrados a um atendimento gentil, respeitoso e paciente.
“A tecnologia precisa facilitar, não substituir o vínculo. Quando há empatia, o paciente confia, adere ao cuidado e permanece no seu propósito”, explica.
Segundo Daniela, a combinação entre acessibilidade digital e empatia no atendimento já se tornou um diferencial competitivo no setor — sobretudo entre hospitais, espaços de Wellness e healthtechs voltadas ao envelhecimento saudável.
“O público sênior é fiel, mas exige reciprocidade. Quem entende isso, entrega experiência — não só serviço”, conclui.
A IA está sendo amplamente utilizada para personalizar o atendimento ao paciente, oferecendo diagnósticos mais precisos e eficientes. Assistentes virtuais baseados em IA podem fornecer suporte 24/7, respondendo a dúvidas frequentes e auxiliando na triagem de sintomas, o que é especialmente benéfico para pacientes idosos que buscam orientação imediata. Abaixo Daniela Vergara sugere alguns suportes que podem ajudar:
– Digital Front Door
Integra diversos canais digitais, como aplicativos móveis, portais do paciente e chatbots, facilitando o acesso aos serviços de saúde desde o primeiro contato. Para o público sênior, isso significa uma navegação mais intuitiva e acessível, promovendo maior autonomia e engajamento.
-Telessaúde e Conectividade 5G
A expansão da telessaúde, impulsionada pela conectividade 5G, permite consultas remotas de alta qualidade, beneficiando especialmente pacientes em áreas remotas ou com mobilidade reduzida. Isso assegura continuidade no cuidado e reduz barreiras geográficas no acesso à saúde.
– Dispositivos Vestíveis (Wearables)
Tecnologias vestíveis, como smartwatches e sensores, permitem o monitoramento contínuo de sinais vitais, atividade física e padrões de sono. Esses dispositivos capacitam os pacientes a acompanhar sua saúde em tempo real e fornecem dados valiosos para os profissionais de saúde ajustarem os planos de tratamento conforme necessário.
– Gamificação e Realidade Virtual (VR)
A utilização de jogos e realidade virtual na reabilitação e educação em saúde tem mostrado eficácia em aumentar o engajamento dos pacientes. Essas ferramentas tornam o processo de recuperação mais interativo e motivador, o que é particularmente útil para manter o interesse dos pacientes idosos em seus regimes de tratamento.
– Medicina Personalizada
Avanços na genômica e na análise de dados permitem a personalização de tratamentos com base nas características individuais de cada paciente. Para os idosos, isso significa terapias mais eficazes e com menos efeitos colaterais, melhorando a qualidade de vida e os resultados clínicos.

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